RECEBI UM E-MAIL DE UMA AMIGA(DRICA) SOBRE O TEMA E RECEBI DIVIDIR COM OS LEITORES DESSE BLOG POIS É EXATAMENTE A POSTURA QUE DEFENDO PARA A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NA E.E.PRESIDENTE CASTELO BRANCO (MUL).
Uma Postura Interdisciplinar
Thereza Cristina Bordoni
Mestre em Políticas Educacionais. Pesquisadora Educacional. Vice-Diretora do Colegio Marista de Patos de Minas. Consultora Educacional. (31-99717068)
“O significado curricular de cada disciplina não pode resultar de uma apreciação isolada de seu conteúdo, mas sim do modo como se articulam as disciplinas em seu conjunto; tal articulação é sempre tributária de uma sistematização filosófica mais abrangente, cujos princípios norteadores é necessário reconhecer.” (MACHADO, 1995, p. 186)
“...as necessidades do futuro não requerem especialização, mas versatilidade, harmonia entre uma formação especializada e um saber geral - o único capaz de assegurar a assimilação de novos conhecimentos e a capacidade de auto-apredizagem”. ( Torres)
INTERDISCIPLINARIDADE
“Do ponto de vista epistemológico, consiste no método de pesquisa e de ensino voltado para a interação em uma disciplina, de duas ou mais disciplinas, num processo que pode ir da simples comunicação de idéias até a integração recíproca de finalidades, objetivos, conceitos, conteúdos, terminologia, metodologia, procedimentos, dados e formas de organiza-los e sistematiza-los no processo de elaboração do conhecimento.” Dra. Francisca S. Gonçalves - USP
TRANSDISCIPLINARIDADE
“É a reunião das contribuições de todas as áreas do conhecimento num processo de elaboração do saber voltado para a compreensão da realidade, a descoberta de potencialidades e alternativas de se atuar sobre ela, tendo em vista transforma-la.” Zemelman
Refletindo sobre Interdisciplinaridade
Interdisciplinaridade é um termo que não tem significado único, possuindo diferentes interpretações, mas em todas elas está implícita uma nova postura diante do conhecimento, uma mudança de atitude em busca da unidade do pensamento. Desta forma a interdisciplinaridade difere da concepção de pluri ou multidisciplinaridade, as quais apenas justapõe conteúdos.
Nesse sentido, não estou me referindo à interdisciplinaridade como uma teoria geral e absoluta do conhecimento, nem a compreendo como uma ciência aplicada, mas sim como o estudo do desenvolvimento de um processo dinâmico, integrador e, sobretudo, dialógico. Concordo com Fazenda,1988 ao caracterizar a interdisciplinaridade "pela intensidade das trocas entre os especialistas e pela integração das disciplinas num mesmo projeto de pesquisa.(...) Em termos de interdisciplinaridade ter-se-ia uma relação de reciprocidade, de mutualidade, ou, melhor dizendo, um regime de co-propriedade, de interação, que irá possibilitar o diálogo entre os interessados. A interdisciplinaridade depende então, basicamente, de uma mudança de atitude perante o problema do conhecimento, da substituição de uma concepção fragmentária pela unitária do ser humano" (Fazenda, 1993, p. 31).
O ponto de partida e de chegada de uma prática interdisciplinar está na ação. Desta forma, através do diálogo que se estabelece entre as disciplinas e entre os sujeitos das ações, a interdisciplinaridade "devolve a identidade às disciplinas, fortalecendo-as" e evidenciando uma mudança de postura na prática pedagógica. Tal atitude embasa-se no reconhecimento da 'provisoriedade do conhecimento', no questionamento constante das próprias posições assumidas e dos procedimentos adotados, no respeito à individualidade e na abertura à investigação em busca da totalidade do conhecimento. Não se trata de propor a eliminação de disciplinas, mas sim da criação de movimentos que propiciem o estabelecimento de relações entre as mesmas, tendo como ponto de convergência a ação que se desenvolve num trabalho cooperativo e reflexivo. Assim, alunos e professores - sujeitos de sua própria ação - se engajam num processo de investigação, re-descoberta e construção coletiva de conhecimento, que ignora a divisão do conhecimento em disciplinas. Ao compartilhar idéias, ações e reflexões, cada participante é ao mesmo tempo "ator" e "autor" do processo.
A partir de todos esses referenciais, é importante que os conteúdos das disciplinas sejam vistos como instrumentos culturais, necessários para que os alunos avancem na formação global e não como fim de si mesmo.
A interdisciplinaridade favorecerá que as ações se traduzam na intenção educativa de ampliar a capacidade do aluno de:
· expressar-se através de múltiplas linguagens e novas tecnologia;
· posicionar-se diante da informação;
· interagir, de forma crítica e ativa, com o meio físico e social;
Temos então o desafio de assegurar a abordagem global da realidade, através de uma perspectiva holística, transdisciplinar. Onde a valorização é centrada, não no que é transmitido, e sim no que é construído. Assim a prática interdisciplinar nos envolve no processo de aprender a aprender.
A postura interdisciplinar incita o pensamento em direção ao enfrentamento de tensões que se criam durante o seu processo de elucidação, o que possibilita a superação de dicotomias tradicionais da visão de mundo mecanicista, tais como: homem-mundo: o homem se revela ao mundo através da linguagem, quer seja ela natural, quer seja artificial, como é o caso da linguagem computacional. Ao formalizar o seu pensamento para outrem, o homem apropria-se da palavra, atribuindo-lhe um significado segundo sua própria experiência, re-elaborando-a e revelando-se ao outro. A manifestação do ser através da linguagem traz subjacente os valores intrínsecos a um contexto. Ao mesmo tempo que se expressa o homem toma consciência de si mesmo como um ser singular no mundo, com potencialidades e limitações próprias. A "palavra própria" de cada ser manifesta o sentido que ele dá a si mesmo e ao mundo. Assim, a palavra "está sempre em ato" constituindo "a essência do mundo e a essência do homem.(...)" Todo encontro com o outro supõe um confronto de idéias onde cada qual trás seu testemunho e busca o testemunho do outro. Cada ser é responsável pela introdução de um ponto de descontinuidade, cujas contradições devem ser discutidas e compartilhadas com os demais membros do grupo, buscando um equilíbrio em um novo patamar.
Temos então a interdisciplinaridade como um campo aberto para que de uma prática fragmentada por especialidades possamos estabelecer novas competências e habilidades através de um postura pautada em uma visão holistica do conhecimento e uma porta aberta para os processos transdisciplinares.
“Este ser do mundo e no mundo tem a capacidade de interferir e modificar o seu próprio mundo... "A disjunção sujeito-objeto é um dos aspectos essenciais de um paradigma mais geral de disjunção-redução, pelo qual o pensamento científico ou disjunta realidades inseparáveis sem poder encarar a sua relação, ou identifica-as por redução da realidade mais complexa à realidade menos complexa" (Morin, 1982, pag. 219). Porém, a atitude interdisciplinar permite o desenvolvimento do sujeito como um todo, de acordo com suas condições, possibilidades e entendimento”. (Gusdorf, 1970, pag. 34-35).
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Referências Bibliográficas
FAZENDA, Ivani C. (1993). Interdisciplinaridade: Um projeto em parceria.São Paulo: Loyola.
________________. (1994). Interdisciplinaridade: História, teoria e pesquisa. Campinas, São Paulo: Papirus.
FREIRE, Paulo. (1979). Educação e Mudança. 14ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra.
GUSDORF, Georges. (1967). La Vertu de Force. 3ª ed., Paris: Press Universitaires de France. SUP.
_________________. (1970). A Fala. Porto, Portugal: Despertar.
MORIN, Edgar. (1982). Ciência com Consciência. Portugal: Publicações Europa-América Ltda.
PIAGET, Jean. (1972). A Epistemologia Genética. Petrópolis/RJ: Ed. Vozes.
WERTSCH, J. V. (1985). Vygotsky and the Social Formation of Mind. USA: Harvard University Press.
RETIRADO DO ENDEREÇO http://www.forumeducacao.hpg.ig.com.br/textos/textos/didat_7.htm
sexta-feira, 12 de março de 2010
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Interdisciplinaridade é um tema que realmente precisa ainda ser muito abordado e discutido, pois muitos educadores só deixam esta palavra na teoria, e tratam seus alunos como um ser fragmentado. Ou acham que isto é um trabalho só das séries iniciais e não precisam utilizar esta teoria na prática, para que o ensino tenha significado também nas séries finais.
ResponderExcluirAmei o tema abordado e as citações relevantes para o mesmo.
Professoras Ana Cristina, estou acompanhando o seu trabalho e de algumas professoras de sua escola.Gostei do seu comentário sobre os projetos na reunião de pais,pode demorar mais um dia vcs vão colher os frutos positivos.
ResponderExcluirE professora Verônica, vc é uma professora muito boa.Meu filho adora!
Obrigada Verônica,
ResponderExcluirRealmente precisamos mudar e fazer da teoria nossa prática pedagógica.Meu filho está no segundo segmento do ensino fundamental em uma escola que segue o sócio-culturalismo com interdisciplinaridade; eu estou muito satisfeita com a formação do cidadão crítico e confiante do que quer para o seu futuro.
Estou certa de que vc é uma das profissionais que estão ao meu lado e de toda a equipe lutando para transformar o Castelo Branco em uma escola que ajude os alunos a tornarem-se sujeitos de sua própria linguagem,sendo capazes de reinvindicar seus direitos,argumentar e lutar por uma sociedade onde cada indivíduo possa afirmar sua liberdade.Mas para alcaçarmos essa vitória, só mesmo trabalhando com interdiciplinaridade e buscando o socio-culturalismo.
Anônimo,
ResponderExcluirEste espaço foi criado para expor o trabalho que estamos desenvolvendo e que pretendemos desenvolver na U.E. em que trabalhamos então, é um prazer receber sua visita e seu comentário...Não falte mesmo nossas reuniões e nossas culminâncias isso será muito importante para toda a comunidade escolar.
Obrigada!
Ao responsável, que deixou um comentário como anônimo, meu muito obrigada. Fiquei lisonjeada!
ResponderExcluirE digo mais uma vez, é investindo em cidadãos críticos que podemos acreditar num futuro melhor.